“Anunciada há muito tempo, mas com a publicação
Retarda da em virtude de sua própria importância, esta obra
aparecerá entre os dias 5 e 10 de janeiro, na livraria do Sr. Didier,
nosso editor, localizada no Quai des Augustins, 35. Representa o
complemento de O Livro dos Espíritos e encerra a parte
experimental do Espiritismo, assim como este último contém a
parte filosófica.(...)”
Este trecho acima é parte de um texto de Kardec publicado na Revista Espírita de 1861 do mês de janeiro, onde ele anuncia o aparecimento de O Livro dos Médiuns. Este ano se comemora os 150 anos deste livro importante e atualíssimo para nós espíritas, mas infelizmente é pouco estudado e refletido em nosso meio.
O livro dos Médiuns não nasceu da imaginação de Kardec ou ditada pelos espíritos e colocada no livro (como se faz com as obras mediúnicas hoje) e mandado publicar. É um tratado que tem por fundamento a pesquisa cientifica e a experiência, além da contribuição teórica dos espíritos na explicação de vários problemas ainda inacessíveis à pesquisa científica. Essas explicações só eram aceitas por Kardec na medida de sua racionalidade, de acordo com o método de controle rigoroso que estabeleceu para o seu trabalho. Mas qual a importância deste livro para a humanidade?
Os fatos espíritas (fenômenos) e as comunicações com o “outro mundo” sempre foram, desde a antiguidade, presentes na humanidade. Os seres tribais com seus animismos, sacerdotes no Egito antigo, os profetas Bíblicos, os oráculos em Atenas, as bruxas da idade média, etc. sempre contaram com a prática da mediunidade e/ou mediunismo e os fenômenos decorrentes disto.
A Mediunidade sempre fez parte da existência humana em todos os tempos, mas nunca nenhum homem ou organização fez o que Kardec, junto com os Espíritos, fez que foi observar, estudar, catalogar, interrogar, tudo sobre um método científico e nos trazer um livro fundamental. Ele nos ensina, como ótimo pedagogo que era até como nos portarmos e dialogarmos frente com pessoas que nunca ouviram falar de mediunidade, como na primeira parte em Noções preliminares.
“A prática Espírita é difícil, apresentando escolhos que somente um estudo sério e completo pode prevenir”. Esta fala de Kardec na Introdução do livro é uma preocupação que ele já nos adverte desde o inicio, por isso o Livro dos Médiuns é bem estruturado e com um encadeamento lógico, onde ele toca em todos os pontos.
O codificador observou e aprendeu com todos os espíritos da Escala Espírita, desde os inferiores até os superiores. Porque para entender a dinâmica mediúnica teria que observar todas as classes, por isso o capítulo XXIV-Identidade dos Espíritos, ou o capitulo XXVII-Contradições e mistificações, foram criados. E nós não levamos em consideração estes capítulos e tudo que vem das obras mediúnicas nós acreditamos, porque somos muito místicos e crédulos ainda. Por isso ele já nos alerta na introdução como pode ser relido acima. Para dar minha pequena contribuição em homenagem a este livro farei dois ou três artigos de alguns capítulos para que possamos refletir sobre a importância de O Livro dos Médiuns no nosso momento atual. E a resposta da pergunta feita no início deste texto vai sendo respondido.
Grande abraço