domingo, 12 de fevereiro de 2012

“O Espiritismo é uma Ciência Positiva"


Alocução de Allan Kardec aos Espíritas de Bruxelas e Antuérpia
Publicamos esta alocução a pedido de grande número de pessoas que nos
testemunharam o desejo de conservá-la, e porque ela tende a fazer considerar o Espiritismo sob
um aspecto de certo modo novo. A Revista Espírita de Antuérpia reproduziu-a integralmente.

Senhores e caros irmãos espíritas,

Apraz-me dar-vos este título, porque, embora eu não tenha o privilégio de conhecer todas
as pessoas presentes nesta reunião, quero crer que aqui estamos em família e todos em
comunhão de pensamentos e de sentimentos. Mesmo admitindo que nem todos os assistentes
fossem simpáticos às nossas idéias, não os confundiria menos no sentimento fraterno que deve
animar os verdadeiros espíritas para com todos os homens, sem distinção de opinião.
Não obstante, é aos nossos irmãos de crença que me dirijo mais especialmente, para
exprimir-lhes a satisfação que sinto de me achar entre eles e de oferecer-lhes, em nome da
Sociedade de Paris, a saudação de fraternidade espírita.
Eu já havia tido a prova de que o Espiritismo conta, nesta cidade, numerosos adeptos
sérios, devotados e esclarecidos, compreendendo perfeitamente o objetivo moral e filosófico da
Doutrina; sabia que aqui encontraria corações simpáticos, e isto foi motivo determinante para
que eu correspondesse ao insistente e grato convite que me foi feito por vários dentre vós, de
aqui fazer uma pequena visita este ano. A acolhida tão amável e cordial que recebi fará que leve
de minha estada a mais agradável lembrança.
Certamente eu teria o direito de envaidecer-me pela acolhida que me tem sido dispensada
nos diferentes centros que visito, se não soubesse que esses testemunhos se dirigem muito
menos ao homem do que à Doutrina, da qual sou humilde representante, e devem ser
consideradas como uma profissão de fé, uma adesão aos nossos princípios. É assim que os
encaro, no que me concerne pessoalmente.
Aliás, se as viagens que faço de vez em quando aos centros espíritas só devessem ter
como resultado a satisfação pessoal, eu as consideraria inúteis e delas me absteria. Mas, além de
contribuírem para estreitar os laços de fraternidade entre os adeptos, também têm a vantagem de
fornecer-me elementos de observação e de estudo, jamais perdidos para a Doutrina.
Independentemente dos fatos que possam servir ao progresso da Ciência, aí recolho os materiais
da história futura do Espiritismo, os documentos autênticos sobre o movimento da idéia espírita,
os elementos mais ou menos favoráveis ou contrários que ela encontra, conforme as localidades,
a força ou a fraqueza e as manobras de seus adversários, os meios de combater estes últimos, o
zelo e o devotamento de seus verdadeiros defensores.
Entre estes últimos, devem colocar-se em posição de destaque todos os que militam pela
causa com coragem, perseverança, abnegação e desinteresse, sem segunda intenção pessoal, que
buscam o triunfo da doutrina pela doutrina, e não pela satisfação de seu amor-próprio; enfim,
aqueles que, por seu exemplo, provam que a moral espírita não é uma palavra vã, e se esforçam
por justificar esta notável afirmação de um incrédulo: Com uma tal doutrina, não se pode ser
espírita sem ser homem de bem.
Não há centro espírita onde eu não tenha encontrado um número mais ou menos grande
desses pioneiros da obra, desses arroteadores de terreno, desses lutadores infatigáveis que,
sustentados por uma fé sincera e esclarecida, pela consciência de cumprir um dever, não
desanimam ante nenhuma dificuldade, encarando seu devotamento como dívida de
reconhecimento pelos benefícios morais que receberam do Espiritismo. É justo fiquem perdidos
para os nossos descendentes os nomes daqueles de que se honra a Doutrina e que um dia não
possam ser inscritos no panteão espírita?
Infelizmente, ao lado destes por vezes se acham pessoas de má índole, os impacientes da
causa, que, não calculando o alcance de suas palavras e de seus atos, podem comprometê-la; os
que, por zelo irrefletido, por idéias intempestivas e prematuras, sem o querer fornecem armas
aos nossos adversários. Depois vêm aqueles que, não considerando o Espiritismo senão pela
superfície, sem serem tocados no coração, por seu próprio exemplo dão uma falsa idéia de seus
resultados e de suas tendências morais.
Eis aí, sem sombra de dúvida, o maior escolho com que se deparam os sinceros
propagadores da Doutrina, pois muitas vezes vêem a obra, que tão penosamente esboçaram,
desfeita justamente por aqueles que os deveriam secundar. Está provado que o Espiritismo é
mais entravado pelos que o compreendem mal do que pelos que não o compreendem
absolutamente, e, mesmo, pelos inimigos declarados. E é de notar que os que o compreendem
mal geralmente têm a pretensão de o compreender melhor que os outros; e não é raro ver
neófitos que, ao cabo de alguns meses, pretendem dar lições àqueles que adquiriram experiência
em estudos sérios. Tal pretensão, que denuncia o orgulho, é uma prova evidente da ignorância
dos verdadeiros princípios da Doutrina.
Contudo, que os espíritas sinceros não desanimem: é o resultado do momento de transição
por que vivemos. As idéias novas não podem estabelecer-se de repente e sem obstáculos; como
lhes é preciso varrer as idéias antigas, forçosamente encontram adversários que as combatem e
as repelem, sem falar nas criaturas que as tomam em sentido contrário, que as exageram ou
desejam acomodá-las a seus gostos e opiniões pessoais. Mas chega o momento em que as idéias
contraditórias caem por si mesmas, uma vez conhecidos e compreendidos os verdadeiros
princípios pela maioria. Já vedes o que sucedeu com todos os sistemas isolados, surgidos na
origem do Espiritismo; todos caíram ante a observação mais rigorosa dos fatos, ou só ainda
encontram alguns desses partidários tenazes que, em tudo, se aferram às suas idéias primitivas,
sem darem um passo à frente. A unidade se fez na crença espírita com muito mais rapidez do
que se esperava. É que os Espíritos, em todos os pontos, vieram confirmar os princípios
verdadeiros, de sorte que hoje, entre os adeptos do mundo inteiro, há uma opinião predominante
que, se ainda não goza da unanimidade absoluta, é, incontestavelmente, a da imensa maioria.
Donde se segue que aquele que quiser marchar na contramão desta opinião, encontrando pouco
ou nenhum eco, condena-se ao isolamento. Aí está a experiência para o demonstrar.
Para remediar o inconveniente que acabo de assinalar, isto é, para prevenir as
conseqüências da ignorância e das falsas interpretações, é preciso maior empenho na
vulgarização das idéias justas e na formação de adeptos esclarecidos, cujo número crescente
neutralizará a influência das idéias errôneas.
Minhas visitas aos centros espíritas, naturalmente, têm por objetivo principal auxiliar os
nossos irmãos em crença em suas tarefas. Assim, eu as aproveito para lhes dar instruções que
possam necessitar, como desenvolvimento teórico ou aplicação prática da Doutrina, tanto quanto
me é possível fazê-lo. Como é sério o fim dessas visitas, e exclusivamente no interesse da
Doutrina, não busco ovações, que nem são do meu gosto, nem do meu caráter. Minha maior
satisfação é encontrar-me com amigos sinceros, devotados, com os quais nos podemos entreter
sem constrangimento e esclarecer-nos mutuamente, por uma discussão amistosa, em que cada
um traz o contributo de suas próprias observações.
Nessas excursões não vou pregar aos incrédulos; jamais convoco o público para
catequizá-lo, pois não vou fazer propaganda; só compareço a reuniões de adeptos nas quais
meus conselhos são desejados e possam ser úteis; eu os dou de bom grado aos que julgam deles
necessitar; abstenho-me com os que se julgam bastante esclarecidos para os dispensar. Numa
palavra, só me dirijo aos homens de boa vontade.
Se, excepcionalmente, se insinuassem nessas reuniões pessoas atraídas somente pela
curiosidade, ficariam desapontadas, porquanto aí nada encontrariam que as pudesse satisfazer; e,
caso estivessem animadas de sentimento hostil ou desabonador, o caráter eminentemente grave,
sincero e moral da assembléia e dos assuntos nela tratados tiraria qualquer pretexto plausível
para a sua malevolência. Tais são os pensamentos que exprimo nas diversas reuniões às quais
sou chamado para assistir, a fim de que não se equivoquem quanto às minhas intenções.
Afirmei no início que eu não era senão o representante da Doutrina. Algumas explicações
sobre o seu verdadeiro caráter naturalmente chamarão vossa atenção para um ponto essencial
que, até agora, não foi considerado suficientemente. Na verdade, vendo a rapidez dos progressos
desta Doutrina, haveria mais glória em dizer-me seu criador; meu amor-próprio aí encontraria o
seu salário; mas não devo fazer minha parte maior do que ela é; longe de o lamentar, eu me
felicito, porque, então, a Doutrina não passaria de uma concepção individual, que poderia ser
mais ou menos justa, mais ou menos engenhosa, mas que, por isso mesmo, perderia sua
autoridade. Poderia ter partidários, talvez fizesse escola, como muitas outras, mas certamente
não teria adquirido, em alguns anos, o caráter de universalidade que a distingue.
Eis um fato capital, senhores, que deve ser proclamado bem alto. Não, o Espiritismo não é
uma concepção individual, um produto da imaginação; não é uma teoria, um sistema inventado
para a necessidade de uma causa; tem sua fonte nos fatos da própria Natureza, em fatos
positivos, que se produzem a cada instante sob os nossos olhos, mas cuja origem não se
suspeitava. É, pois, resultado da observação; numa palavra, uma ciência: a ciência das relações
entre o mundo visível e o mundo invisível; ciência ainda imperfeita, mas que se completa todos
os dias por novos estudos e que, tende certeza, ocupará o seu lugar ao lado das ciências positivas.
Digo positivas, porque toda ciência que repousa sobre fatos é uma ciência positiva, e não
puramente especulativa.
O Espiritismo nada inventou, porque não se inventa o que está na Natureza. Newton não
inventou a lei da gravitação; esta lei universal existia antes dele. Cada um a aplicava e lhe sentia
os efeitos, embora não a conhecessem.
O Espiritismo, por sua vez, vem mostrar uma nova lei, uma nova força da Natureza: a que
reside na ação do Espírito sobre a matéria, lei tão universal quanto a da gravitação e da
eletricidade, conquanto ainda desconhecida e negada por certas pessoas, como o foram todas as
outras leis na época de suas descobertas. E que os homens geralmente têm dificuldade em
renunciar às suas idéias preconcebidas e, por amor-próprio, custa-lhes reconhecer que estavam
enganados, ou que outros tenham podido encontrar o que eles mesmos não encontraram.
Mas, em última análise, como esta lei repousa sobre fatos, e contra os fatos não há
negação que possa prevalecer, terão de render-se à evidência, como os mais recalcitrantes o
fizeram quanto ao movimento da Terra, à formação do globo e aos efeitos do vapor. Por mais
que acusem os fenômenos de ridículos, não podem impedir a existência daquilo que é.
Assim, o Espiritismo procurou a explicação dos fenômenos de uma certa ordem e que, em
todos os tempos, se produziram de maneira espontânea. Mas, sobretudo, o que o favoreceu
nessas pesquisas é que lhe foi dado, até certo ponto, o poder de produzi-los e de provocá-los.
Encontrou nos médiuns instrumentos adequados a tal efeito, como o físico encontrou na pilha e
na máquina elétrica os meios de reproduzir os efeitos do raio. E fácil compreender que isto não
passa de uma comparação; não pretendo estabelecer uma analogia.
Mas há aqui uma consideração de alta importância: é que, em suas pesquisas, ele não
procedeu por via de hipóteses, como o acusam; não supôs a existência do mundo espiritual para
explicar os fenômenos que tinha sob as vistas; procedeu por meio da análise e da observação;
dos fatos remontou à causa e o elemento espiritual se lhe apresentou como força ativa; só o
proclamou depois de havê-lo constatado.
Como força e como lei da Natureza, a ação do elemento espiritual abre, assim, novos
horizontes à Ciência, dando-lhe a chave de uma imensidão de problemas incompreendidos. Mas,
se a descoberta de leis puramente materiais produziu revoluções materiais no mundo, a do
elemento espiritual nele prepara uma revolução moral, pois muda totalmente o curso das idéias e
das crenças mais arraigadas; mostra a vida sob outro aspecto; mata a superstição e o fanatismo;
desenvolve o pensamento, e o homem, em vez de arrastar-se na matéria, de circunscrever sua
vida entre o nascimento e a morte, eleva-se ao infinito; sabe donde vem e para onde vai; vê um
objetivo para o seu trabalho, para os seus esforços, uma razão de ser para o bem; sabe que nada
do que adquire na Terra, em saber e moralidade, lhe é perdido, e que seu progresso continua
indefinidamente no além-túmulo; sabe que há sempre um futuro para si, sejam quais forem a
insuficiência e a brevidade da existência presente, ao passo que a idéia materialista,
circunscrevendo a vida à existência atual, dá-lhe como perspectiva o nada, que não tem por
compensação sequer a duração, que ninguém pode aumentar à vontade, já que podemos cair
amanhã, em uma hora, e então o fruto dos nossos labores, de nossas vigílias, dos conhecimentos
adquiridos estarão para nós perdidos para sempre, muitas vezes sem termos tido tempo de
desfrutá-los.
O Espiritismo, repito, ao demonstrar, não por hipótese, mas por fatos, a existência do
mundo invisível e o futuro que nos aguarda, muda completamente o curso das idéias; dá ao
homem a força moral, a coragem e a resignação, porque não mais trabalha apenas pelo presente,
mas pelo futuro; sabe que se não gozar hoje, gozará amanhã. Demonstrando a ação do elemento
espiritual sobre o mundo material, amplia o domínio da Ciência e, por isto mesmo, abre nova via
ao progresso material. Então terá o homem uma base sólida para o estabelecimento da ordem
moral na Terra; compreenderá melhor a solidariedade que existe entre os seres deste mundo, já
que esta solidariedade se perpetua indefinidamente; a fraternidade deixa de ser palavra vã; ela
mata o egoísmo, em vez de por ele ser morta e, muito naturalmente, o homem imbuído destas
idéias a elas conformará suas leis e suas instituições sociais.
O Espiritismo conduz inevitavelmente a esta reforma. Assim, pela força das coisas,
realizar-se-á a revolução moral que deve transformar a Humanidade e mudar a face do mundo, e
isto tão-só pelo conhecimento de uma nova lei da Natureza, que dá outro curso às idéias, uma
finalidade a esta vida, um objetivo às aspirações do futuro, fazendo encarar as coisas de outro
ponto de vista.
Se os detratores do Espiritismo - falo dos que militam pelo progresso social, dos escritores
que pregam a emancipação dos povos, a liberdade, a fraternidade e a reforma dos abusos -
conhecessem as verdadeiras tendências do Espiritismo, seu alcance e seus inevitáveis resultados,
em vez de ridicularizá-lo, como fazem, de interpor incessantemente obstáculos no seu caminho,
nele vissem a mais poderosa alavanca para chegar à destruição dos abusos que combatem, em
vez de lhe serem hostis, o aclamariam como um socorro providencial. Infelizmente, na sua
maioria, crêem mais em si do que na Providência. Mas a alavanca age sem eles e a despeito
deles, e a força irresistível do Espiritismo será tanto mais bem constatada quanto mais ele tiver
de combater. Um dia dirão deles, o que não será para a sua glória, o que eles próprios dizem dos
que combateram o movimento da Terra e dos que negaram a força do vapor. Todas as negações,
todas as perseguições não impediram que estas leis naturais seguissem seu curso, assim como os
sarcasmos da incredulidade não impedirão a ação do elemento espiritual, que é, também, uma lei
da Natureza.
Considerado desta maneira, o Espiritismo perde o caráter de misticismo que lhe censuram
os detratores, justamente aqueles que menos o conhecem. Não é mais a ciência do maravilhoso e
do sobrenatural ressuscitada: é o domínio da natureza enriquecida por uma lei nova e fecunda,
uma prova a mais do poder e da sabedoria do Criador; são, enfim, os limites recuados dos
conhecimentos humanos.
Tal é, em resumo, senhores, o ponto de vista sob o qual se deve encarar o Espiritismo.
Nesta circunstância, qual foi o meu papel? Nem o de inventor, nem o de criador. Vi, observei,
estudei os fatos com cuidado e perseverança; coordenei-os e lhes deduzi as conseqüências: eis
toda a parte que me cabe. Aquilo que fiz, outro poderia ter feito em meu lugar. Em tudo isto fui
simples instrumento dos pontos de vista da Providência, e dou graças a Deus e aos bons
Espíritos por se terem dignado servir-se de mim. É uma tarefa que aceitei com alegria, e da qual
me esforcei por tornar-me digno, pedindo a Deus me desse as forças necessárias para realizá-la
segundo a sua santa vontade. No entanto, a tarefa é pesada, mais pesada do que possam imaginála;
e se tem para mim algum mérito, é que tenho a consciência de não haver recuado perante
nenhum obstáculo e nenhum sacrifício. Será a obra da minha vida até meu último dia, porque, na
presença de um objetivo tão importante, todos os interesses materiais e pessoais se apagam
como pontos diante do infinito.
Termino esta alocução, senhores, dirigindo sinceras felicitações aos nossos irmãos da
Bélgica, presentes ou ausentes, cujo zelo, devotamento e perseverança contribuíram para a
implantação do Espiritismo neste país. Estou convicto de que as sementes plantadas nos grandes
centros de população, como Bruxelas, Antuérpia, etc, não foram lançadas em solo estéril.

(REVISTA ESPÍRITA, NOVEMBRO DE 1864, ED. FEB, P. 429-438.)
Viagem Espírita

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Missão dos Espiritas


Entramos em mais um ano e avançamos como civilização para um progresso material sem precedentes na historia da humanidade. Porém ainda sofremos com altos índices de depressão, muitas pessoas recorrem ao suicídio para resolver seus problemas (pensando que não vão mais existir, fruto de um pensamento sem esperança no futuro.), corrupção, não só Política, mas também no nosso dia a dia com o nosso ”jeitinho”. Barbáries que vemos todos os dias nos noticiários e uma corrida frenética por bem estar e altos ganhos pensando que só isso resolve todos os problemas e nos dão a paz que precisamos. Lógico que é da natureza humana querer ser e estar melhor, porque se assim não fosse estaríamos vivendo em cavernas. Todos estes fatos que coloquei acima ( se colocasse todos aqui encheria este artigo) vem nos mostrar um descompasso que temos com a vida, e é por falta de entender  este descompasso que ainda, por maior que seja o progresso material, sofremos. Mas qual a saída para o sofrimento? Está na religião? Hoje sabemos, pelas pesquisas, que os evangélicos são os que mais crescem em numero de seguidores da religião protestante no Brasil. E no exterior é a religião mulçumana. Acho isso interessante, porque de uma forma ou de outra está se dando um sentindo nas vidas, que vem muitas vezes pelo sofrimento, dessas pessoas, minorando um pouco seus sofrimentos. Porem ainda assim não explica por completo o que ocorre com o ser humano, ainda lhe falta uma chave. A saída está na ciência? Hoje a ciência colabora em muito com o progresso da humanidade e o  futuro que se forma no horizonte é ainda melhor, porque se avança a cada dia. A tecnologia hoje é um grande aliado em todos os setores da sociedade, da dona de casa até o grande empresário, na medicina, na Imprensa, na vida em sociedade com as redes sociais etc., mas isso tudo ainda é muito comercial, porque a ciência e tecnologia ainda estão presos ao lucro, senão deu lucro não vale apena investir. Acontece muito em países que certas doenças não têm uma “demanda” tão grande e não se investe para combatê-la, deixando muitos seres humanos à mercê. Por mais que avancemos, ainda não sabemos a causa de muitas coisas que acontece conosco, como por exemplo, a causa do câncer. Ainda assim falta uma chave que abra as portas do entendimento. Mas que chave seria esta?

A chave para todos estes “mistérios” que acontecem conosco está no conhecimento e estudo da lei de Reencarnação. Em pronunciar esta palavra muitas pessoas e instituições torcem o nariz ou já de cara nega seu conhecimento, sem verificar se esta certa ou errada. Mas como disse acima a reencarnação é uma Lei universal, assim como é a Lei da gravitação universal descoberta por Issac Newton. Este conhecimento é inato no ser humano desde o inicio dos tempos, a maioria das tradições antigas tinha no retorno á vida uma crença. Porém só no século XIX que Allan Kardec juntamente com os espíritos descobrem esta Lei que governa os mundos passiveis de abrigar seres em evolução. Porque pelo estudo e conhecimento desta lei vamos desdobrar outros conhecimentos e leis como a evolução,por exemplo.
Este artigo não é sobre a reencarnação, mas como sua divulgação e conhecimento pelo ser humano podem abrir caminho para o entendimento das mazelas humanas e responder várias questões para os problemas. “Reconheçamos, portanto, em resumo, que a doutrina da pluralidade das existências explica o que sem ela, é inexplicável; que eminentemente consoladora e conforme a mais rigorosa justiça; que representa para o homem a âncora de salvação que Deus, na sua misericórdia, lhe concedeu” este trecho é uma pequena parte do estudo da reencarnação do item 222 de O Livro dos Espíritos, item que é obrigatório para estudo de toda pessoa que se diz espírita.
O conhecimento desta lei pela humanidade é fator de progresso, pois dá sentido a tudo que antes era uma incógnita. O Espiritismo como um todo e seu conhecimento, onde esta contida a descoberta da lei de reencarnação, também é fator de progresso. Lemos na pergunta 798:
798. O Espiritismo se tornará crença comum, ou ficará sendo
partilhado, como crença, apenas por algumas pessoas?
Certamente que se tornará crença geral e marcará nova
era na história da humanidade, porque está na natureza e
chegou o tempo em que ocupará lugar entre os conhecimentos
humanos. Terá, no entanto, que sustentar grandes lutas,
mais contra o interesse, do que contra a convicção,
porquanto não há como dissimular a existência de pessoas
interessadas em combatê-lo, umas por amor-próprio, outras
por causas inteiramente materiais. Porém, como virão a
ficar insulados, seus contraditores se sentirão forçados
a pensar como os demais, sob pena de se tornarem ridículos.”
799. De que maneira pode o Espiritismo contribuir para o
progresso?
“Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da
sociedade, ele faz que os homens compreendam onde se
encontram seus verdadeiros interesses. Deixando a vida
futura de estar velada pela dúvida, o homem perceberá melhor
que, por meio do presente, lhe é dado preparar o seu
futuro. Abolindo os prejuízos de seitas, castas e cores, ensina
aos homens a grande solidariedade que os há de unir
como irmãos.”

Como vimos acima o conhecimento das idéias espíritas vai figurar entre os conhecimentos humanos e na segunda pergunta em vermelho ele fala implicitamente da reencarnação como ponto de esperança e norteando nossas ações para o futuro, pelo entendimento da imortalidade da alma.
Nossa responsabilidade nisto tudo onde está? Na divulgação destas idéias. Quando Kardec pergunta acima em ser o espiritismo uma crença comum, não diz ele no sentido de religião, coisa que o espiritismo não é, mas em um conhecimento que vai nortear as ações dos seres humanos independente de crença religiosa, sendo assim uma religião natural, como dizia Rousseau.
Temos que sair da rotina dos centros espíritas e dialogar com a sociedade em todas as áreas, na política, na imprensa, no pensamento acadêmico, nas instituições, com a ciência, na pedagogia e a religião. Mas que possamos dialogar com os vários setores de uma forma fundamentada, e isto só vamos encontrar através da codificação e nos eminentes pensadores espíritas.
o titulo deste artigo é referente ao capitulo XX, Trabalhadores da ultima hora, item 4, mensagem dada pelo espírito Erasto em Paris, 1863. Onde se lê:
“Não escutais já o ruído da tempestade que há de arrebatar
o velho mundo e abismar no nada o conjunto das iniqüidades
terrenas? Ah! bendizei o Senhor, vós que haveis
posto a vossa fé na sua soberana justiça e que, novos apóstolos
da crença revelada pelas proféticas vozes superiores,
ides pregar o novo dogma da reencarnação e da elevação
dos Espíritos, conforme tenham cumprido, bem ou mal,
suas missões e suportado suas provas terrestres.”
Como esta comunicação é longa colocamos um trecho, mas o leitor pode ir direto na fonte e ler e reler o objetivo central de nós espíritas.
Que possamos colocar a educação como ponto central, pois através do entendimento é que vamos conseguir nos transformarmos e conseqüentemente a toda a sociedade, não com proselitismo,porque a doutrina não é assim, mas quando nos for perguntado sobre as questões doutrinárias, que possamos estar prontos para explicar de forma segura e com argumentos para o melhor entendimento da questão. Que não possamos ficar somente enclausurados nos centros em reuniões mediúnicas ou promovendo o assistencialismo como forma de caridade, uma porque a caridade é mais do que isso, ou nos entupindo de trabalhos na casa espírita sem ter tempo para a reflexão que é tão necessária para o amadurecimento da doutrina em nós. O centro espírita deve ser um pólo de irradiação para a comunidade de idéias e conhecimento, não só resolução de problemas pessoais, educando para a construção do homem de bem. Estes são desafios, acho, para este século XXI.