quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Pensamento e Matéria

Um dia desses recebi um e-mail onde falava que em certo centro Espírita do Rio de Janeiro, foi recebida uma mensagem do espírito Bezerra de Meneses conclamando as pessoas a orarem pelas vítimas dos desabamentos ocorridos naquela cidade, fazendo uma corrente de ajuda. Até aí tudo bem, pois qualquer ajuda que possamos fazer pelos nossos irmãos em sofrimento é muito importante. O que me chamou a atenção foram os comentários da pessoa que enviou o e-mail. Em dado momento ele diz que essa corrente ajudaria porque “o pensamento é matéria”. Fiquei alguns minutos pensando da onde esta pessoa tirou tal afirmação. Mas não fiquei assustado com isto, porque há alguns anos atrás eu também pensava que o pensamento era matéria. Felizmente alertado por amigos estudiosos da doutrina e indo buscar conhecimento na fonte cristalina da codificação e percebendo a lógica das idéias, cheguei a várias conclusões, não só com respeito ao pensamento, mas a outros temas.
Mas onde nasce estas idéias que, como eu tinha, vários espíritas tem hoje, que infelizmente  não condiz com o  pensamento espírita de fato? Fazendo algumas investigações aqui outra ali, refletindo e conversando com amigos ancorados nos estudos, apresento algumas conclusões, que não são só minhas mas de milhares de espíritas no Brasil.
Primeiro vamos aos textos:

No livro Mecanismos da mediunidade, pelo Espírito Andre Luiz através do médium Chico Xavier , editado pela FEB(quarta edição), temos o capítulo IV, intitulado ‘’Matéria Mental” onde se lê:
“Identificando o fluido elementar ou hálito divino por base mantenedora de todas as associações da forma nos domínios inumeráveis do cosmo, do qual conhecemos o elétron como sendo um dos corpúsculos-base nas organizações e oscilações da matéria, interpretaremos o universo como um todo de forças dinâmicas, expressando o pensamento do criador. E superpondo-se-lhe à grandeza indevassável, encontraremos a matéria mental que nos é própria, em agitação constante, plasmando as criações temporárias, adstritas à nossa necessidade de progresso”.
Na pagina 44 que tem como subtítulo “Pensamento das criaturas” ainda se lê:
“Do principio elementar, fluindo incessantemente no campo cósmico, auscultamos, de modo imperfeito, as energias profundas que produzem eletricidade e magnetismo, sem conseguir enquadrá-las em exatas definições terrestres, e, da matéria mental dos seres criados, estudamos o pensamento ou fluxo energético do campo espiritual de cada um deles, a se graduarem nos mais diversos tipos de onda(...)”
Na pagina seguinte em “Corpúsculos mentais” lemos ainda:
“Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial. Entretanto, ele ainda é matéria.(...)” e por aí vai por todo o capitulo.
No Livro Universo e Vida de Hernani T. Santana pelo Espírito Áureo 3ªedição editado pela FEB, Temos no cap.5 o Título “Energia e evolução”, no número 19 com subtítulo de “Ação mento magnética” temos:
”O Pensamento é uma radiação da mente espiritual, dotada de ponderabilidade e de propriedades quimioeletromagnéticas, constituída de partículas subdivisíveis, ou corpúsculos de natureza fluídica, configurando como matéria mental viva e plástica. (...)”
Estes textos são apenas alguns exemplos da idéia do pensamento ser Matéria. Coloquei-os por perceber que estas obras influenciam nosso movimento espírita há vários anos. Farei alguns comentários destes textos, mas antes vamos à lógica da codificação.
Primeiramente vamos ver a definição de matéria na codificação. Pergunta 22-a de O Livro dos Espíritos:
22-a. Que definição podeis dar da matéria?
“A matéria é o laço que prende o espírito: é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tempo, exerce sua ação.” Deste ponto de vista, pode dizer-se que a matéria é o agente, o intermediário com o auxilio do qual e sobre o qual atua o espírito. (comentário de Kardec)
Podemos observar só por está questão que espírito e matéria são coisas distintas. Nas perguntas seguintes é reafirmada tal distinção e concluído que existem três elementos no universo, Deus, espírito e matéria. Na pergunta 89-a temos:
89-a. O pensamento não é a própria alma que se transporta?
“Quando o pensamento está em alguma parte, a alma também aí está, pois é a alma quem pensa. O pensamento é um atributo.”
Se o pensamento é um atributo, então ele não é material.
 Poderia redigir várias perguntas aqui, da codificação, atestando pela lógica, mas ficaria muito longo e enfadonho, porque o objetivo aqui é ser objetivo.
Falam alguns livros e médiuns que o pensamento tem cor, cheiro e forma. Então o pensamento não seria material? Podem perguntar alguns. Não, não é! Respondo de forma direta, pois tenho segurança nos escritos de O Livro dos Espíritos, como podemos ver acima e em outras questões. O que ocorre com fenômeno de cor, cheiro e forma é que o espírito usa a matéria como instrumento de sua ação, ou seja, utiliza-se da matéria cósmica universal para fazer estes efeitos, consciente ou inconscientemente, como se revestissem o pensamento.
Os espíritos André Luiz e Áureo estão errados? Não cabe a eu dizer. Só penso que obras que se dizem espíritas estão dizendo coisas diferentes da codificação, por serem consideradas obras complementares, não completam, criam outros sistemas e confusão, sendo assim não são condizentes com o pensamento espírita.
Vimos acima em Áureo, este trecho, “O Pensamento é uma radiação da mente espiritual, dotada de ponderabilidade (...)”. Ponderabilidade é o que tem forma, peso específico. Vejamos a questão 29:
29- A ponderabilidade é um atributo essencial da matéria?
“Da maneira como a entendeis, sim: mas não da matéria considerada como fluido universal. A matéria etérea e sutil que forma esse fluido é imponderável para vós, mas nem por isso deixa de ser o principio da vossa matéria pesada”. Podem observar a incongruência?

O problema é que acham que a codificação é do século 19, e que precisamos de obras atualizadas ou novidade vinda pela via mediúnica para “completar” as cinco obras. A falta de estudo aprofundada e contínua da obra Kardequiana, que não tem na maioria dos centros, e por falta de tempo não temos para fazê-lo em casa, é outro escolho. A fé raciocinada que prega nossa doutrina nós não a praticamos, dando lugar a credulidade cega na palavra de espíritos e médiuns. Kardec nos ensina que em todos os momentos devemos usar nossa razão e a observação.
Não! A terceira revelação não é do século 19, ela nasceu lá, mas não é daquele século, ela é atemporal. A doutrina espírita (digo as cinco obras) é a grande novidade para a humanidade, que foi bem construída com bases sólidas e metodologia segura, baseada na razão e no controle universal do ensino dos espíritos, (que está na introdução de O evangelho Segundo O Espiritismo). Vamos a um trecho da referida introdução:
“O Espiritismo ainda encontra nela (na universalidade do ensino dos espíritos) uma poderosa garantia contra os cismas que poderiam ser suscitados, quer pela ambição de alguns, quer pelas contradições de certos espíritos. Essas contradições são certamente um escolho, mas carregam em si mesmas o remédio ao lado do mal.(...)”
“(...) as revelações que alguém possa obter são de caráter individual, sem autenticidade, e devem ser consideradas como opiniões pessoais deste ou daquele espírito, sendo imprudência aceita-las e propagá-las levianamente como verdades absolutas.” Viram que são palavras de Kardec e não minhas.
Minha intenção não é criar confusão, mas colocar as coisas para podermos juntos pensar e discutir, exercitando nossa fé raciocinada e chegando mais perto de compreender as verdades trazidas pela falange do Espírito de Verdade. Muitos podem dizer, “essas discussões não interessam, o que interessa é a reforma moral”. Concordo plenamente que nossa reforma moral é importantíssima para destruir nosso orgulho, vaidade, egoísmo e nossa falta de amor, mas não podemos por isso não exercitar nossa razão e capacidade de reflexão, porque a doutrina está apoiada em um tripé harmônico (Filosofia, Ciência e Moral ou Religião), se dermos atenção em um só aspecto haverá o desequilíbrio, e havendo tal desequilíbrio, há confusão dos aspectos doutrinário, havendo confusão os espíritos que querem a desmoralização da doutrina se infiltram para criar sistemas próprios não condizentes com o pensamento espírita, daí faremos do espiritismo uma colcha de retalhos levando-a ao descrédito.
Estou aberto a respostas e críticas. Grande abraço a todos

segunda-feira, 11 de abril de 2011

O Livro dos Médiuns 150anos

“Anunciada há muito tempo, mas com a publicação
Retarda da em virtude de sua própria importância, esta obra
aparecerá entre os dias 5 e 10 de janeiro, na livraria do Sr. Didier,
nosso editor, localizada no Quai des Augustins, 35. Representa o
complemento de O Livro dos Espíritos e encerra a parte
experimental do Espiritismo, assim como este último contém a
parte filosófica.(...)”
Este trecho acima é parte de um texto de Kardec publicado na Revista Espírita de 1861 do mês de janeiro, onde ele anuncia o aparecimento de O Livro dos Médiuns. Este ano se comemora os 150 anos deste livro importante e atualíssimo para nós espíritas, mas infelizmente é pouco estudado e refletido em nosso meio.
 O livro dos Médiuns não nasceu da imaginação de Kardec ou ditada pelos espíritos e colocada no livro (como se faz com as obras mediúnicas hoje) e mandado publicar. É um tratado que tem por fundamento a pesquisa cientifica e a experiência, além da contribuição teórica dos espíritos na explicação de vários problemas ainda inacessíveis à pesquisa científica. Essas explicações só eram aceitas por Kardec na medida de sua racionalidade, de acordo com o método de controle rigoroso que estabeleceu para o seu trabalho. Mas qual a importância deste livro para a humanidade?
 Os fatos espíritas (fenômenos) e as comunicações com o “outro mundo” sempre foram, desde a antiguidade, presentes na humanidade. Os seres tribais com seus animismos, sacerdotes no Egito antigo, os profetas Bíblicos, os oráculos em Atenas, as bruxas da idade média, etc. sempre contaram com a prática da mediunidade e/ou mediunismo e os fenômenos decorrentes disto.
A Mediunidade sempre fez parte da existência humana em todos os tempos, mas nunca nenhum homem ou organização fez o que Kardec, junto com os Espíritos, fez que foi observar, estudar, catalogar, interrogar, tudo sobre um método científico e nos trazer um livro fundamental. Ele nos ensina, como ótimo pedagogo que era até como nos portarmos e dialogarmos frente com pessoas que nunca ouviram falar de mediunidade, como na primeira parte em Noções preliminares.
“A prática Espírita é difícil, apresentando escolhos que somente um estudo sério e completo pode prevenir”. Esta fala de Kardec na Introdução do livro é uma preocupação que ele já nos adverte desde o inicio, por isso o Livro dos Médiuns é bem estruturado e com um encadeamento lógico, onde ele toca em todos os pontos.
O codificador observou e aprendeu com todos os espíritos da Escala Espírita, desde os inferiores até os superiores. Porque para entender a dinâmica mediúnica teria que observar todas as classes, por isso o capítulo XXIV-Identidade dos Espíritos, ou o capitulo XXVII-Contradições e mistificações, foram criados. E nós não levamos em consideração estes capítulos e tudo que vem das obras mediúnicas nós acreditamos, porque somos muito místicos e crédulos ainda. Por isso ele já nos alerta na introdução como pode ser relido acima. Para dar minha pequena contribuição em homenagem a este livro farei dois ou três artigos de alguns capítulos para que possamos refletir sobre a importância de O Livro dos Médiuns no nosso momento atual. E a resposta da pergunta feita no início deste texto vai sendo respondido.
Grande abraço

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Desenvolvimento Espiritual

Estava eu almoçando com duas grandes amigas em um shopping da cidade, quando, não sei como, entramos no tema “DEUS”. Fiquei surpreso que as duas( uma católica a outra evangélica) acreditam que Jesus é DEUS! Tentei argumentar falando que no evangelho há varias passagens que mostram o contrário, mas presas pelo dogma e pela falta de um pouco de raciocínio não aceitaram bem os meus argumentos. Então pensando na Doutrina Espírita como a terceira revelação resolvi trazer esse texto de J.Herculano Pires de seu livro “Os três caminhos de Hecate” com o titulo de "Desenvolvimento Espiritual" que  nos dá um reflexão sobre este encontro que tive com minhas amigas.

”Não podemos entender o problema religioso, fora da perspectiva histórica. Falar em verdades eternas, instituições divinas, revelações supremas, às quais teríamos de submeter-nos, como um rebanho ao pastor, é simplesmente fugir ao esclarecimento do assunto. A mística das revelações constitui um período histórico necessário, nas fases primárias do desenvolvimento humano. Como decorrer do tempo, esse período foi superado. O homem tornou-se capaz de pensar de maneira aguda e produtiva, de criticar suas concepções anteriores e de criar meios de investigação dos mistérios da vida e do mundo, com sua própria inteligência. Nesse momento, compreendeu a relatividade das antigas verdades absolutas”.

 “O Espiritismo se caracteriza, em face das religiões atuais, por essa posição racional, quanto ao problema religioso. As pessoas que não conhecem o Espiritismo, em geral o confundem com simples formas de sincretismo religioso ou de superstições primitivas. Pensam que Espiritismo é evocação de espíritos, magia, feitiçaria e coisas semelhantes. Assim, ao lerem o que acabamos de escrever, pensam que estamos sofismando. Aconselhamos essas pessoas a consultarem as obras básicas da doutrina, em especial “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, para verem que estamos com a razão”.

“As religiões antigas, anteriores ao Cristianismo, apresentavam-se como revelações divinas, feitas pelos deuses mitológicos. A religião judaica, da qual nasceu a cristã, era a revelação de Jeová ao povo eleito. O Cristianismo apareceu de maneira diferente, como uma religião didática, ensinada por um homem. A revelação divina se tornava humana. Mas a imaginação do tempo, apegada ao maravilhoso, em breve rejeitou essa modificação. Jesus foi devolvido do plano histórico ao mitológico e transformado em Deus. O Cristianismo absorveu, então, a mística e a magia das revelações divinas do passado, confundindo-se com elas. Tornou-se uma “religião revelada”, como as outras, e adquiriu o mesmo poder de coação, impondo-se aos homens pelo prestígio do mistério. Mas o próprio Cristo já havia previsto esse fato e anunciou a ressurreição de seus princípios, para quando a mente humana atingisse a maturidade. É o que vemos no Evangelho de João, com o anúncio do Consolador”.

“Quase dois mil anos correram sobre as palavras de Jesus, mas o momento de maturidade chegou. Nos séculos XVII e XVIII vemos acentuar-se o processo de maturação mental da humanidade, e no século XIX encontramos o homem numa fase de plena libertação espiritual. É então que aparece o Espiritismo. Não como revelação divina, no sentido das religiões antigas, mas como um vasto processo de descoberta do espírito. Kardec o apresenta, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, como III Revelação, mas esclarece o sentido novo dessa revelação”.

 “Nada mais claro do que a explicação de Kardec, em “A Gênese”, sobre a natureza do Espiritismo. Revelar, diz ele, é mostrar alguma coisa que estava oculta. Nesse sentido, o Espiritismo é, ao mesmo tempo, revelação divina e revelação humana. Divina, quando os Espíritos, por suas manifestações, revelam aos homens a natureza do mundo espiritual. Humana, quando os homens, por suas investigações, penetram os segredos desse mundo. A revelação espírita não é, portanto, absoluta, imposta aos homens pelos deuses ou por Deus. É o resultado de uma conjugação de esforços. Os Espíritos, homens desencarnados, e os Homens, espíritos encarnados, dão-se as mãos para descobrirem a verdade espiritual, no plano natural e não do mistério”.

Há duas formas de revelação, diz Kardec: a divina e a científica. As religiões antigas aceitavam a primeira e nela se baseavam.
Daí seu caráter absolutista, sua arrogância na imposição de princípios indiscutíveis. O Espiritismo aceita a segunda e nela se baseia. Daí seu caráter científico. Os Espíritos ajudam os homens a penetrarem os segredos do mundo espiritual. Não são mestres superiores e infalíveis, mas colaboradores. Não possuem a sabedoria suprema dos deuses, mas a relativa, das criaturas. A revelação divina se humaniza de novo no Espiritismo, despojando-se dos elementos místicos e mágicos do passado. Os princípios racionais, ensinados por Jesus, ressurgem no momento exato da maturidade mental da humanidade. A profecia do Mestre se cumpre, não de maneira milagrosa, mas dentro do processo histórico, como uma antevisão do desenvolvimento evolutivo da espécie”.

“As verdades eternas, as instituições divinas e as revelações supremas, que antes exerciam seu domínio mágico sobre os homens, perdem o velho prestígio. O homem, liberto do temor do mistério e do temor dos deuses, aprende a conquistar por si mesmo o conhecimento das coisas espirituais, como conquistou o das coisas materiais. Dentro da relatividade de sua natureza, aprende que as verdades eternas lhe são ainda inacessíveis. Aprende, sobretudo, que antes de conhecer o absoluto, terá de evoluir no relativo. A religião volta a adquirir, assim, o caráter didático do ensino de Jesus. Não é mais um plano de salvação imediata, mas uma escola de salvação progressiva”.

“É por isso que o Espiritismo não se proclama como religião única, fora da qual não haverá salvação. Essencialmente evolucionista, ele nos mostra a religião como um processo de desenvolvimento espiritual do homem. Nas fases primitivas, a religião se traduzia em mistério e magia. Nas fases posteriores da evolução humana, ela se traduz em compreensão espiritual. Os mistérios, as fórmulas sacramentais, a consagração de objetos, os ritos, são apenas instrumentos primários do desenvolvimento espiritual. Mas chega o momento em que o homem se liberta de tudo isso, para atingir aquilo que Jesus chamava: “adorar a Deus em espírito e verdade”.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Termos e expressões Espíritas

É comum, infelizmente, vermos em postes e paradas de ônibus, cartazes com os dizeres: “vidente espírita, joga-se búzios e cartas” ou “Mãe Joaquina, espírita, faz amarração para o amor” e por aí vai...! Outro aspecto é confundir Espiritismo com Umbanda, como se fosse tudo a mesma coisa Só porque se utiliza em ambos a comunicação com espíritos!( nada contra a Umbanda). Outra coisa é a denominação de “Espírita Kardecista”. Eu era uma dessas pessoas que se denominava assim! Até o IBGE (instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em seu ultimo senso (2010) na pesquisa de Religião não havia a palavra espírita, mas sim Kardecista. Se fosse respondido somente “Espírita” ficaria como “sem opção religiosa”. Por desconhecimento das pessoas em geral, de vários espíritas e por uma questão histórica, esta confusão acontece.
O leigo (vamos chamar assim!) por ter uma visão muito superficial da doutrina, mistura espiritismo com macumba e praticas exótica. Muitas pessoas vão a um centro espírita (o próprio nome “Centro” já faz remeter na mente destas pessoas a “Centro de Umbanda”), pensando em ver um altar com imagens, velas e defumadores ou um fundo falso aonde a qualquer momento vai se ver as imagens. Se bem que certos centros e espíritas adotam, por falta de estudo infelizmente, praticas exóticas, fortalecendo ainda mais essa “Aura” que circula a doutrina. Esta situação hoje melhorou um pouco mais, com o espaço que se tem na mídia, mas este espaço ainda não contribui para esclarecer as pessoas o que é Doutrina Espírita de fato! Mas esta é uma crítica que farei em outro momento. Da mesma forma a expressão “Espírita Kardecista” nos induz a pensar que existe outras formas de espiritismo, como por exemplo, “Espírita Umbandista”.
Espiritismo, Espírita ou Espiritista é uma nomenclatura Própria da Ciência Espírita, portanto só a ele é empregado. Definida muito bem por Kardec na introdução ao estudo da doutrina em “O Livro dos Espíritos”:
 “Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. Os vocábulos espiritual, espiritualista, espiritualismo têm acepção bem definida. Dar-lhes outra, para aplicá-los à doutrina dos Espíritos, fora multiplicar as causas já numerosas de anfibologia*. Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo. Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, cuja forma lembra a origem e o sentido radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo espiritualismo a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem os espiritistas” (...).
Ectoplasma, corpo astral, incorporação, carma etc.. são outros termos que são comuns dentro do movimento espírita, que tem significados diferentes dos usados pelo Espiritismo,e é usado como se fosse um termo espírita. Fluido vital, Perispírito, lei de causa e efeito, são termos e expressões proprias do Espiritismo.
Penso que não devemos misturar outros termos usados na Teosofia, no Ocultismo, no Budismo, na Metapsíquica e outras, como sendo Espíritas para não criar confusão. Todos nós temos liberdade de usar a palavra que quisermos, mas se nos denominamos Espíritas, temos que ter, pelo menos, um pouco de respeito pela doutrina trazida pelo Espírito da Verdade codificada por Allan Kardec. Estudando, meditando e colocando em prática o que nós aprendemos é que vamos usar os termos e expressões condizentes com a Ciência e Filosofia Espírita. Sugiro  começarmos este estudo pela “Introção ao estudo da Doutrina Espírita” em O Livro dos Espíritos. Vamos começar então? Bom leitura a todos!!

*Anfibologia (do grego amphibolia) vem a ser, na lógica e na lingüística moderna, o mesmo que ambigüidade (do latim ambiguitas, atis), isto é, a duplicidade de sentido em uma construção sintática. Um enunciado é ambíguo e, portanto, anfibológico quando permite mais de uma interpretação.(Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Obras Mediúnicas e Espiritismo (Introdução)

Hoje quando chegamos em uma livraria espírita(ou não) encontramos milhares de títulos nas prateleiras e dezenas de editoras querendo seu lugar ao sol nas casas dos leitores. Exatamente são mais de 4.000 mil títulos e mais de 100 milhões de exemplares vendidos. (Fonte. FEEC.). Temos verdadeiros Best-sellers, como: Divaldo Franco, Chico Xavier, Robson Pinheiro, Mônica de Castro, dentre outros. As editoras produzem livros hoje bem mais atraentes, com capa dura e Layout bem mais leve. Não perdendo em nada se comparado com as grandes editoras. Têm-se uma abertura maior as obras mediúnicas nestes últimos tempos do que a 10 ou 15 anos atrás.
 Praticamente tudo que vem pela  via mediúnica é publicado. Livros ditos “Espíritas” com conteúdos duvidosos e Fantásticos enchem as prateleiras das livrarias espíritas. Muitos de nós sem ter uma base segura em Allan Kardec acabamos por aceitar tudo que vem pela mediunidade como verdade, sem examinar nada. É sempre bom lembrar que a mediunidade não pertence ao Espiritismo, a doutrina só a estudou para que aqueles que tratem dela possam praticá-la com segurança e sem escolhos.Não quer dizer que porque é obra mediúnica seja espírita.Isto faz com que o Espiritismo fique sem credibilidade. Então qual o parâmetro que podemos usar para termos mais segurança? A resposta a está pergunta é, Allan Kardec. O mestre previu, através da experiência e pesquisa todos os inconvenientes, e sempre sob a orientação dos espíritos superiores.
Na revista espírita de 1863 do mês de maio temos um ótimo artigo com o título, ’’exame das comunicações mediúnicas que nos são enviadas”. Vejamos:
(...) “Aplicando esses princípios de ecletismo às comunicações que nos são enviadas, diremos que em 3.600 há mais de 3.000 que são de moralidade irreprochável, e excelentes como fundo; mas que desse número nem 300 merecem publicidade e apenas 100 têm mérito fora do comum. Como essas comunicações vieram de muitos pontos diferentes, inferimos que a proporção deve ser mais ou menos geral. Por aí pode julgar-se da necessidade de não publicar inconsideradamente tudo quanto vem dos Espíritos, se quisermos atingir o objetivo a que nos propomos, tanto do ponto de vista material quanto do efeito moral e da opinião que os indiferentes possam fazer do Espiritismo”.

Podemos observar o quanto Kardec era criterioso com as comunicações. Mas porque ele era assim? Ele sabia que a humanidade abrange não só os encarnados, mas também os desencarnados, e assim como aqui existem sábios, bons, maus, ignorantes, pseudo-sábios, literatos, espertos, gozadores, etc. do outro lado não seria diferente. Por isso o critério. Continuando:
(...) “eis por que, ao lado de alguns bons pensamentos, encontram-se, muitas vezes, idéias
excêntricas e traços inequívocos da mais profunda ignorância. É nessas modalidades de trabalhos mediúnicos que temos notado mais sinais de obsessão, dos quais um dos mais freqüentes é a injunção por parte do Espírito de os mandar imprimir; e alguns pensam erradamente que tal recomendação é suficiente para encontrar um editor atencioso que se encarregue da tarefa”.

Mas Kardec nem imaginava que hoje, em pleno século 21 os editores estão aceitando o “mandar imprimir” sem exame algum.

(...) “É principalmente em semelhante caso que um exame escrupuloso é necessário, se não nos quisermos expor a fazer discípulos à nossa custa. É, ainda, o melhor meio de afastar os
Espíritos presunçosos e pseudo-sábios, que se retiram inevitavelmente quando não encontram instrumentos dóceis a quem façam aceitar suas palavras como artigos de fé. A intromissão
desses Espíritos nas comunicações é, fato conhecido, o maior escolho do Espiritismo. Toda precaução é pouca para evitar as publicações lamentáveis. Em tais casos, mais vale pecar por excesso de prudência, no interesse da causa”(...)

Poderia enumerar vários livros e autores aqui, mas ficaria muito extenso e maçante para quem lê. O que foi escrito acima é só uma introdução para temas e livros que iremos discutir e estudar em artigos futuros, mas sempre confrontando um texto das obras da doutrina com certas informações.

Todos tem liberdade para ler ou não muitas obras que são editadas, podemos acreditar nas informações e nos espíritos que nos diz, mas daí colocar livros e informações como complementares(fazendo até palestras destas informações) sem critério algum é não dar crédito a metodologia empregada por Allan Kardec. Desfigurando assim a Doutrina Espírita e alimentando um lado nosso muito forte que é o místico, e ela(a doutrina) é o contra ponto disto. Uma vez li uma frase interessante, “O Espiritismo será no futuro o que fizermos dele” o que estamos fazendo dela então? Vamos pensar...